The Philippines and the Transformation of the Pacific Region*

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“Chegou a altura de dizer adeus aos Estados Unidos,” afirmou Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas, em outubro de 2016, na capital da China. No início desta semana, o seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., disse algo muito diferente a Joe Biden, na Casa Branca: “É completamente natural [que as Filipinas] olhem para o único país no mundo com quem têm um tratado [de Defesa] para fortalecer e redefinir a relação que temos e os papéis que desempenhamos em função do aumento das tensões que vemos crescer no Mar do Sul da China e na Ásia-Pacífico.”

Nas semanas que antecederam estas declarações de Marcos, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa filipinos reuniram-se em Washington com os seus homólogos dos Estados Unidos, e as Forças Armadas dos dois países levaram a cabo as maiores manobras militares conjuntas das últimas décadas em ilhas no norte das Filipinas. Um contingente militar da Austrália participou nestes exercícios.

Como explicar esta mudança de orientação geoestratégica de Manila? A posição das Filipinas entre a China e os Estados Unidos começou a mudar com Duterte. Do seu ponto de vista, a aproximação a Pequim nunca produziu os resultados que esperava em termos de investimentos chineses em infraestruturas nas Filipinas e exploração conjunta de recursos no Mar do Sul da China.

A dificuldade é que ninguém parece saber como acomodar as ambições chinesas sem criar tensões e novos problemas estratégicos. Este é o verdadeiro problema. A isto devemos acrescentar os planos de outros países. Moscovo, por exemplo, gostaria de utilizar os seus recursos naturais — petróleo, gás natural e tecnologia — para entrar nos mercados das economias dos países asiáticos no Pacífico. Esta reorientação geoestratégica russa para o Oriente é reforçada pela guerra do Kremlin contra a Ucrânia.

É neste difícil contexto geopolítico que Manila tem de fazer escolhas. As Filipinas não querem ser um peão na crescente rivalidade entre Pequim e Washington. Marcos tem todo o interesse em manter um bom relacionamento com Pequim. A crescente integração económica da China com os seus vizinhos é um facto. A dificuldade é que a liderança chinesa, que não separa as questões económicas das militares, quer controlar todo o Mar do Sul da China. Parte desse vasto território pertence às Filipinas.

A crescente coerção marítima chinesa explica a aproximação de Manila a Washington ao nível político, económico e militar. O seu grande trunfo é a posição geográfica. Sem acesso a bases filipinas em locais como Cagayan, Palawan, Subic ou Zambales, o único ponto de apoio logístico para os Estados Unidos em operações no Mar do Sul da China é Okinawa. Esta é uma questão politicamente controversa nas Filipinas.

Se alargarmos o nosso horizonte estratégico, vemos também o aprofundamento das relações militares de Manila e Camberra com Tóquio. É sinal de que a rede de alianças e parcerias lideradas pelos Estados Unidos no Pacífico está a ser fortalecida. Acresce que estes aliados, que não querem depender por completo de Washington, começam a negociar entendimentos para desempenhar um papel cada vez mais relevante do ponto de vista da defesa. Pequim e Moscovo estão atentas. Tudo isto é sinal de algo estrutural: a transformação da ordem regional de segurança no Pacífico.

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