The White American Population is Dying

Published in El Pais
(Brazil) on 25 March 2017
by Moises Naim (link to originallink to original)
Translated from by Fernanda Townrow. Edited by Pam Willey.
A study shows why mortality rates in the United States are higher among less-educated white people.

In the U.S., middle-aged white men with lower levels of education are dying at an unprecedented rate. In fact, their mortality rate is higher than the Hispanic and black populations of the same age and educational level. Mortality among white men with lower levels of education is also much higher now than it was in the last century. This is an exclusively North American phenomenon, which is not occurring in other developed countries.

These are the conclusions of an important study that was presented in Washington by Nobel winner Angus Deaton and Anne Case, an eminent economist at Princeton University, who is also Deaton’s wife.

In 2015, the two economists caused a commotion with a study that reported, for the first time, a tragic increase in deaths among white Americans without a college degree. In 1999, their mortality rate was 30 percent lower than the African-American population with the same characteristics. However, in 2015, mortality among the white population was 30 percent higher than that of the African-American population. These changes in the U.S. reverse decades of progress. Over the last century, and still today, worldwide mortality has fallen 2 percent per year, in every country and in every demographic category. But white Americans with little academic training are the exception. What has happened? In this group, suicide and death by drug overdose and alcoholism increased drastically. Cancer and heart disease also increased, as well as obesity. Since 2000, death from these causes among white, non-Hispanic men between 50 and 54 years old doubled. And, in 2015, white men died at a rate twice as high as white women with the same characteristics, and four times higher than men who went to college.

A common explanation for this tragedy is that unemployment harshly affected this group of workers; the economic crises, globalization and manufacturing automation are making low skilled jobs disappear.

Deaton and Case have no doubt that unemployment, and the consequent fall in incomes, are important factors. However, according to them, these factors are not enough of an explanation. They say that the high mortality rate among white men in the United States has “deeper causes.” How can it be explained that Hispanic and black men who also lost their jobs and incomes have higher longevity? And why do European workers, who were victims of the Great Recession of 2008 and austerity policies, not exhibit these lethal tendencies that affect white American workers? And there’s more: in Europe, the longevity of those who have less education and lower income has continued to rise—at a faster pace—than among those with higher education.

According to the two economists, the deeper causes of this phenomenon are related to what they call “cumulative disadvantage.” These are debilitating conditions and dysfunctional habits that this group has been accumulating throughout their lives as a reaction to great economic and social changes. Very often, it started when white males left high school and started work early, at a time when jobs were abundant and salaries very attractive. But this “professional bonanza” came to an end, and other changes in society—the role of women, more divorces and family fragmentation, geographical mobility—made life difficult for white men and made them more vulnerable. Deaton and Case describe this as “death by hopelessness.” They don’t see a better future for themselves or their families.

This hopelessness causes great suffering. In the United States, half the population of unemployed men takes medicine for pain and two-thirds takes opioids. The abuse of these drugs has become a dangerous epidemic. In 2015, more North Americans died of drug overdose than by firearms and traffic accidents. The vast majority of victims? White men.

Two final questions: why do white men of Hispanic origin, with poor education and who are in bad economic situations, die less? Because they have more hope for the future. They do not expect a better economic situation, as they never had it. For them, the future can only be better, and for their children even more so.

Second: What is the political reaction of white North American men with high mortality rates? They vote for Donald Trump. More than 60 percent did.



Os americanos brancos estão morrendo

Um estudo documenta por que a mortalidade nos EUA é maior entre brancos de baixa escolaridade

Nos Estados Unidos, os homens brancos de meia idade e com baixa escolaridade estão morrendo a um ritmo inédito. De fato, sua taxa de mortalidade é maior do que a dos hispanos ou negros da mesma idade e de seu mesmo nível educacional. A mortalidade dos brancos com menos escolaridade é também muito mais alta agora do que tinha sido até início deste século. Este é um fenômeno exclusivamente norte-americano, que não acontece em outros países desenvolvidos.

Esta é uma das conclusões de um importante estudo que acaba de ser apresentado em Washington pelo Prêmio Nobel de Economia Angus Deaton e por Anne Case, eminente economista da universidade de Princeton (e esposa de Deaton).

Já em 2015, os dois economistas tinham causado comoção com um estudo que pela primeira vez documentava o trágico aumento das mortes entre os norte-americanos brancos sem nível universitário. Enquanto em 1999 seu índice de mortalidade era 30% mais baixo do que o dos negros com as mesmas características, para o ano 2015 a mortalidade dos brancos era 30% mais alta que a dos afro-americanos. Essas mudanças nos EUA revertem décadas de progresso. Durante o século passado, e ainda hoje, a mortalidade em nível mundial vem caindo a 2% ao ano, em todos os países e em todas as categorias demográficas. Mas os norte-americanos brancos sem muito preparo acadêmico são exceção. O que aconteceu? Neste grupo, os suicídios e as mortes por overdose de drogas e alcoolismo aumentaram drasticamente. O câncer e as doenças cardíacas também aumentaram, assim como a obesidade. Desde 2000, as mortes por estas causas entre os brancos não hispânicos, entre 50 e 54 anos de idade, duplicaram. E em 2015 morriam a uma taxa duas vezes mais alta do que a das mulheres brancas com as mesmas características (e quatro vezes mais do que os homens brancos que foram à universidade).

Uma explicação comum para essa tragédia é o desemprego que afetou duramente este grupo de trabalhadores, tanto devido à crise como pela globalização e a automatização da produção, que estão fazendo desaparecer os postos de trabalho de baixa qualificação.

Deaton e Case não duvidam que o desemprego e a consequente queda nos rendimentos são fatores importantes. Mas, segundo eles, não é explicação suficiente e afirmam que a maior mortalidade dos brancos nos EUA têm “causas mais profundas”. Como se explica então que os hispânicos e negros que também perderam seus empregos e rendimentos viram sua longevidade aumentar? E por que com os trabalhadores europeus que foram vítimas dos embates da grande recessão de 2008 e das políticas de austeridade não ocorrem as tendências letais que afetam os trabalhadores brancos norte-americanos? E mais: na Europa a longevidade de quem tem menos anos de estudo (e menor rendimentos) continuou aumentando —e a uma velocidade maior— do que a dos europeus com maior nível educacional.

Segundo os dois economistas, as causas mais profundas deste fenômeno têm a ver com o que eles chamam de “desvantagens acumulativas”. São condições debilitantes e hábitos disfuncionais que este grupo humano foi acumulando durante toda a vida como reação a profundas transformações econômicas e sociais. Com frequência começou com o abandono dos estudos secundários e a entrada precoce no mercado de trabalho em épocas de empregos abundantes e salários atraentes. Mas essa “bonança profissional” foi se extinguindo e outras mudanças na sociedade —o papel das mulheres, o aumento dos divórcios e a fragmentação familiar, a mobilidade geográfica— dificultaram a vida para os homens brancos, e os tornaram mais vulneráveis, o que Deaton e Case descrevem como “mortes por desesperança”. São homens que não veem um futuro melhor nem para eles nem para sua família.


Esta desesperança causa grande sofrimento. Nos EUA, a metade dos homens desempregados toma remédios contra dor e dois terços consomem opioides. O abuso dessas drogas se transformou em uma gravíssima epidemia. Em 2015, mais norte-americanos morreram de overdose de drogas do que por armas de fogo e acidentes de trânsito. A grande maioria das vítimas? Homens brancos.

Duas perguntas finais. Primeira: Por que os homens brancos de origem hispânica, pouca educação formal e má situação econômica morrem menos? Porque têm mais esperanças quanto ao que o futuro lhes reserva. Eles não estão esperando uma situação econômica melhor do que a que tiveram no passado. Nunca tiveram. Para eles o futuro só pode ser melhor. E para seus filhos mais ainda.

Segunda: Qual é a reação política dos brancos norte-americanos com altos índices de mortalidade? Votar em Donald Trump. Mais de 60% deles fez isso.
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