Every ten years the American government publishes an important document about the principles — that is, the "doctrine" — on which its nuclear strategy rests. It is a generic document that establishes instructions to be followed by all the branches of government and the armed forces.
That last one, published ten years ago, still reflected a cold war atmosphere and a truculent posture, further aggravated during the eight years under President George W. Bush.
The document represented well the most conservative elements of the North American Senate, which had already blocked the approval of international treaties that led to political tension with Russia in the area of nuclear arms. An example of this attitude was demonstrated by the situation surrounding the Limited Test Ban Treaty (CTBT), which was not ratified by the Senate. These senators, in general, defended the corporate interests of the private sectors involved in the production of nuclear arms, which generate thousands of jobs and are extremely powerful in some American states.
As part of this "doctrine,” even conventional attacks on the United States by countries not possessing nuclear arms would warrant nuclear retaliation.
For this reason, the only progress that occurred in the last 20 years in the area of nuclear disarmament was the gradual reduction of nuclear arsenals by world powers, which came to more than 30,000 in each and remain extensive.
The election of Barack Obama as president of the United States appears to have significantly changed the situation. In a famous speech in Prague in April 2009, Obama declared that it is "America’s commitment to seek the peace and security of a world without nuclear weapons."
The new American nuclear strategy of April 2010 reflects this intention and abandons the outdated vision of maintaining, modernizing and even increasing nuclear arsenals and conducting tests. The strategy now concentrates on turning the attention of the government to two areas: banning the proliferation of nuclear weapons and avoiding nuclear terrorism.
In doing so, the United States adopts the position of the old "falcons of the cold war" like Kissinger and others, who were convinced that nuclear weapons — which in the past guaranteed against possible attacks from the Soviet Union — are not effective against nuclear terrorism, nor those who are not responsible to a government.
In addition, threats resulting from the possession of nuclear arms in the hands of problematic governments like Iran and North Korea tend to propagate, as others in various regions of the word aspire to possess nuclear arms to counterbalance the threats created by them.
In a sense, the United States government has "thrown in the towel" and finally convinced itself that the only way to guarantee its own security is to reduce the importance of nuclear arms and begin to comply with Article VI of the 1967 Nuclear Non-Proliferation Treaty (NPT), which calls for the adoption of serious measures leading to nuclear disarmament.
At the time, this article was adopted to dissuade non-nuclear countries from developing nuclear arms and to restrict the use of nuclear energy for solely pacific ends.
Various countries, such as India, did not accept the treaty regarding it as discriminatory and developed nuclear weapons, thus encouraging Pakistan to do the same. This, in fact, is what will happen if Iran produces nuclear arms; Egypt and Syria will desire to do the same in order to counterbalance its influence.
This new American nuclear strategy opens the path to an adult discussion about the problem of nuclear disarmament, because, from now on, nuclear non-proliferation (of countries that do not have nuclear arms) and nuclear disarmament (of countries that possess nuclear arms) begin to march together.
The best indication of the seriousness of the United States in adopting this path is the decision to "not use or threaten to use nuclear weapons against non-nuclear weapons states that are party to the NPT and in compliance with their nuclear non-proliferation obligations."
It is vital that Itamaraty study with care this new American nuclear strategy and abandon the revisionist tendencies that still exist in the Brazilian government.
Brazil signed the NPT in 1994, when it was removed from the list of those "suspected" of trying to develop nuclear arms, which is the case of Iran today. The Brazilian decision reinforced worldwide efforts made to encourage nuclear countries to follow the path to nuclear disarmament, many of which Chancellor Celso Amorin participated in the past.
The views that are heard today — coming from Itamaraty as well — is that Brazil abdicated its sovereignty in adhering to the NPT, which represents a complete misunderstanding of the reality of a world with nuclear arsenals programmed to hit any city in the world, including those in Brazil.
The denuclearization of Latin America, turned into reality with the creation of the Brazilian-Argentine Agency for Accounting and Control of Nuclear Materials (ABACC) in 1992, and the abandonment of semi-clandestine nuclear programs in Brazil and Argentina is now bearing fruit.
In this environment, a politics of nuclear approximation with Iran and cynicism in regards to the advantages of the NPT are adverse to national interests.
A cada dez anos o governo americano publica um importante documento sobre os princípios - isto é, a "doutrina" - nos quais se apoia a sua estratégia nuclear. É um documento genérico, que fixa as diretrizes a serem seguidas por todos os órgãos do governo e pelas Forças Armadas.
O último deles, publicado há dez anos, refletia ainda a atmosfera da guerra fria e uma postura truculenta que se agravou durante os oito anos do governo do presidente George W. Bush.
Ela representava bem a influência dos elementos mais conservadores do Senado norte-americano, que já haviam bloqueado a aprovação de tratados internacionais que levassem a uma distensão política com a Rússia na área nuclear. Exemplo dessa atitude é o que ocorreu com o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBC), que não foi ratificado pelo Senado. Esses senadores, de modo geral, defendem interesses corporativos dos setores envolvidos na produção de armas nucleares, que geram milhares de empregos e que são muito poderosos em alguns Estados americanos.
Fazia parte dessa "doutrina" a noção de que até ataques convencionais aos Estados Unidos, por países que não possuíssem armas nucleares, provocariam um revide nuclear.
Por essa razão, o único progresso na área de desarmamento nuclear que ocorreu nos últimos 20 anos foi a redução gradual, mas lenta, dos estoques de armas nucleares das grandes potências, que chegaram a ser de mais de 30 mil em cada uma delas e que ainda são consideráveis.
A eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos parece ter mudado significativamente essa situação. No seu famoso discurso em Praga, em abril de 2009, Obama declarou que os Estados Unidos "procurarão promover a paz e a segurança de um mundo sem armas nucleares".
A nova estratégia nuclear americana, de abril de 2010, reflete essa intenção e abandona a visão ultrapassada de manter, modernizar e até aumentar os estoques de armas nucleares e realizar testes. Ela concentra agora as atenções do governo em duas áreas: impedir a proliferação nuclear e evitar o terrorismo nuclear.
Ao fazê-lo, o governo dos Estados Unidos adota a posição dos antigos "falcões da guerra fria", como Kissinger e outros que se convenceram de que armas nucleares - que garantiram no passado a segurança do seu país contra um possível ataque da União Soviética - não são eficazes contra o terrorismo nuclear, que não tem responsabilidades de governo.
Além disso, as ameaças resultantes da posse de armas nucleares nas mãos de governos problemáticos como o Irã e a Coreia do Norte tendem a se propagar, porque há outros aspirantes à posse de armas nucleares em várias regiões do mundo que desejam contrabalançar as ameaças criadas por eles.
Num certo sentido, o governo dos Estados Unidos "jogou a toalha" e, finalmente, se convenceu de que a única maneira de garantir a sua própria segurança é reduzir a importância das armas nucleares e começar a cumprir o artigo VI do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) de 1967, que prevê a adoção de medidas sérias que conduzam ao desarmamento nuclear.
Esse artigo foi adotado, na época, para encorajar os países não nucleares a não promoverem o desenvolvimento de armas nucleares e restringirem o uso de energia nuclear para fins pacíficos.
Vários países não aceitaram esse tratado porque o consideraram discriminatório e desenvolveram armas nucleares, como a Índia, encorajando o Paquistão a fazer o mesmo. Isso, aliás, é o que acontecerá se o Irã produzir armas nucleares, uma vez que o Egito e a Síria provavelmente desejarão fazer o mesmo para contrabalançar sua influência.
A nova estratégia nuclear americana abre caminho para uma discussão adulta sobre o problema do desarmamento nuclear, porque daqui para a frente a não-proliferação nuclear (dos países que não têm armas nucleares) e o desarmamento nuclear (dos países que as possuem) passam a marchar juntos.
A melhor indicação da seriedade dos Estados Unidos em adotar esse caminho é a decisão tomada de "não usar (ou ameaçar usar) armas nucleares contra países que são signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e que cumpram suas obrigações estabelecidas nesse tratado".
Seria muito útil que o Itamaraty estudasse com cuidado a nova estratégia nuclear dos Estados Unidos e abandonasse as tendências revisionistas que ainda existem no governo brasileiro.
O Brasil se tornou signatário do TNP em 1994, o que removeu o País da lista de "suspeitos" de tentar desenvolver armas nucleares, que é o caso do Irã hoje. A decisão brasileira reforçou os esforços mundiais para fazer com que os países nucleares seguissem o caminho do desarmamento nuclear, dos quais o próprio chanceler Celso Amorim participou no passado.
As vozes que se ouvem hoje - vindas inclusive do próprio Itamaraty - são que o Brasil abdicou da sua soberania ao aderir ao TNP, o que representa uma total incompreensão do que é o mundo real com ogivas nucleares programadas para atingir qualquer cidade do mundo, inclusive do Brasil.
A desnuclearização da América Latina, que se tornou realidade com a criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc) em 1992, e o abandono de programas nucleares semiclandestinos no Brasil e na Argentina estão dando frutos agora.
Nessas condições, uma política nuclear de aproximação com o Irã e o ceticismo a respeito das vantagens do Tratado de Não-Proliferação Nuclear são contrários aos interesses nacionais.
This post appeared on the front page as a direct link to the original article with the above link
.
The madness lies in asserting something ... contrary to all evidence and intelligence. The method is doing it again and again, relentlessly, at full volume ... This is how Trump became president twice.
The economic liberalism that the world took for granted has given way to the White House’s attempt to gain sectarian control over institutions, as well as government intervention into private companies,