Entirely focused on the reelection of Jair Bolsonaro, the Brazilian government should be more attentive to the perils of a recession in the U.S., the world's largest economy and Brazil's major trading partner.
In the midst of a crisis and ravaged by the uncertainties of an election year, Brazil is now facing the danger of a recession in the world's largest economy, the second-largest importing market for Brazilian products and the main destination for its industrial exports. The Central Bank of Brazil increased the estimated growth for the country this year from 1% to 1.7%. Although some optimism is justified, this data review still points to significantly lower dynamism than observed in other emerging markets and a performance lower than expected for the global economy, with a rise of just around 3%.
According to a study by Michael Kiley, a senior economist at the Federal Reserve, the risk of recession in the United States in the next four quarters is above 50%. Extending this projection to the next two years, the probability rises by two-thirds. If a downturn occurs, its effects could have a significant international impact. For Bolsonaro and his team, this should serve as a warning to take care of the country's economic security and waste less time trying to intervene in the administration of Petróleo Brasileiro S.A.
In the United States, an economic downturn and a higher unemployment rate could follow the highest inflation in 40 years. Consumer prices rose 8.6% in the 12 months before May in the U.S. market. The last time a result worse than this (8.9%) was registered was in the period ending with December 1981. Trying to contain inflation, the Fed started to raise basic interest rates and reverse the policy of currency expansion. The expansionist actions served to help the country recover from the first wave of the COVID-19 pandemic in 2020.
The recovery was successful. In 2021, the gross domestic product of the United States was 5.7% higher than the previous year, when it had decreased by 3.4%. But after this strong growth, the U.S. economy began losing momentum and shrank by 1.5% in the first quarter of this year. Recent projections still point to more than 3% growth this year and 2% next year. However, increased tightening of the monetary policy tends to lower expectations.
The invasion of Ukraine by Vladimir Putin's troops had already considerably altered the forecasts for the great global powers and, thus, for the world economy. Published in early June, the OECD Economic Outlook prompted a significant revision of these numbers. The global economic growth estimated for December was reduced from 4.5% to 3%. The expected growth for the United States went from 3.73% to 2.46%.
For Brazil, the increase in gross domestic product in 2022 was recalculated from 1.4% to 0.6%, with a recovery of 1.2% in 2023. Expectations regarding the Brazilian economy are lower than forecasts by the Brazilian Central Bank and other public and private sources. However, a revision is unlikely to prompt any meaningful change in the coming months. The country is growing well below the world average and continues to lag behind other emerging countries. It demonstrates crucial imbalances and has little potential for economic expansion in the coming years.
Medium- and long-term growth projections barely reach 2% per year. For many years, investments in production-related resources have been insufficient to provide the country with a potential similar to that of other emerging or developing economies. Furthermore, Brazilian inflation remains above levels observed in most capitalist countries. In addition, there is considerable insecurity regarding the general government balance.
For all these shortcomings, any risk of contagion from a new recession in major economies is especially worrisome. Except, of course, for people like the Brazilian president, who is more dedicated to pursuing populist formulas for his political survival.
Recessão nos EUA, um risco a mais
Governo brasileiro, hoje dedicado integralmente à reeleição do presidente, deveria estar mais atento ao perigo de retração na maior economia do mundo, grande parceira comercial do país.
Já em crise e assolado pelas incertezas de um ano eleitoral, o Brasil se defronta agora com o perigo de recessão na maior potência econômica do mundo, segundo maior mercado importador de produtos brasileiros e principal destino de suas exportações industriais. O Banco Central (BC) aumentou de 1% para 1,7% o crescimento estimado para o País neste ano. Embora justifique algum otimismo, essa revisão ainda aponta um dinamismo bem menor que o de outros emergentes e um desempenho inferior àquele esperado para a economia global, um avanço em torno de 3%.
O risco de recessão nos Estados Unidos, nos próximos quatro trimestres, é superior a 50%, segundo estudo apresentado por Michael Kiley, economista sênior do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Quando a projeção se estende pelos próximos dois anos, a probabilidade sobe para dois terços. Se essa retração ocorrer, seus efeitos poderão ter importante impacto internacional. Esse alerta deveria ser, para o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe, mais um forte motivo para cuidar da segurança econômica do País e perder menos tempo tentando intervir na administração da Petrobras.
Retração econômica e maior desemprego poderão compor, nos Estados Unidos, o capítulo seguinte à maior inflação em 40 anos. Os preços ao consumidor subiram 8,6% nos 12 meses até maio, no mercado americano. O último resultado pior que esse, 8,9%, foi registrado no período até dezembro de 1981. Para tentar conter a onda inflacionária, o Fed passou a elevar os juros básicos e a reverter a política de expansão da moeda. As ações expansionistas haviam sido usadas para ajudar o País a recuperar-se do tombo sofrido em 2020, na primeira fase da pandemia de covid-19.
A recuperação foi um sucesso. Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos foi 5,7% maior que o do ano anterior, quando havia diminuído 3,4%. Mas, depois desse forte crescimento, a economia americana começou a perder impulso e no primeiro trimestre deste ano encolheu, em termos anualizados, 1,5%. Recentes projeções ainda apontaram expansão superior a 3% neste ano e a 2% no próximo, mas o aperto crescente da política monetária tende a baixar as expectativas.
A invasão da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin já havia alterado consideravelmente as previsões para as grandes potências e, naturalmente, para a economia mundial. Divulgado no começo de junho, o Panorama Econômico da OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, trouxe uma importante revisão dos números. O crescimento esperado da economia global foi reduzido de 4,5%, estimativa de dezembro, para 3%. A expansão prevista para os Estados Unidos passou de 3,73% para 2,46%.
No caso do Brasil, o aumento do PIB em 2022 foi recalculado de 1,4% para 0,6%, com recuperação para 1,2% em 2023. A expectativa em relação à economia brasileira é inferior a previsões do BC e de outras fontes públicas e privadas, mas dificilmente uma revisão das estimativas, nos próximos meses, mudará algumas constatações importantes para qualquer debate: o País está crescendo bem abaixo da média mundial, continua correndo bem atrás de outros emergentes, carrega desajustes importantes e tem baixo potencial para se expandir economicamente nos próximos anos.
Não por acaso as projeções de crescimento no médio e no longo prazos mal chegam a atingir 2% ao ano. O investimento em recursos produtivos tem sido, há muitos anos, insuficiente para dar ao País um potencial de expansão semelhante ao de outras economias emergentes ou ainda classificadas como “em desenvolvimento”. Além disso, a inflação brasileira continua acima dos níveis observados na maior parte do mundo capitalista e, como complemento, há muita insegurança quanto à evolução das contas públicas. Por todas essas deficiências, qualquer risco de contágio por uma nova recessão em grandes economias é especialmente inquietante, exceto, é claro, para pessoas, como o presidente brasileiro, mais dedicadas a buscar fórmulas populistas de sobrevivência política.
This post appeared on the front page as a direct link to the original article with the above link
.