It is evident that the G20 Summit in New Delhi is an opportunity for Narendra Modi to shine on the global stage, as it would be for the leader of any country that assumes the annual presidency of this group of the world’s 20 largest economies, and just as it was for Indonesian President Joko Widodo at last year’s November summit in Bali. But Modi is the prime minister of India, which this year became the world’s most populous country, and, given the absence of Xi Jinping and Vladimir Putin, will really only need to share the spotlight with Joe Biden, something which could bring the two countries closer to the strategic alliance they seem destined to take on, as much as they each try to disguise any enthusiasm for the idea.
For decades, while India assumed the role of the world’s largest democracy, its sympathies tended to lie more with the Soviet Union, even though this closeness never became a formal alliance. But the fall of the Communist bloc cooled relations between New Delhi and Moscow, while America’s response to the 9/11 attacks and global jihadism drew India closer. And now, with Modi’s BJP in power, a Hindu nationalist party that is also pro-business, the Indian-American relationship has everything in place to grow stronger, particularly if we consider the growing influence of the Indian community in the United States, from the CEOs at corporations such as Microsoft, Adobe and IBM, to political figures such as Vice President Kamala Harris.
The American vice president was specially acknowledged when Modi visited the United States and addressed a joint session of Congress, an event received with repeated standing ovations. Nothing perhaps summarizes how important India is to the United States today better than Modi’s reminder that when he first visited Washington, India was the world’s 10th largest economy, that it is now the fifth, and, he emphasized, it would soon be the third.
Whether as a matter of tradition or because it still relies on arms and oil supplies from Russia, India has been cautious in its attitude about the invasion of Ukraine, abstaining from condemning Moscow in United Nations votes. One also has to consider the historical role of challenging the West, a stance that has its roots in the anti-colonial struggle and remains powerful among Indian policymakers. Nonetheless, the convergence of interests with the Americans continues to grow; in matters of commerce, the United States is already India’s largest trading partner, with an annual trade valued at $130 billion and much room for growth, while in defense, the two countries, together with Japan and Australia, make up the QUAD alliance and participate in joint military exercises in the Himalayas, two situations which suggest an undisguised determination to counter China’s rise.
India’s reluctance to enhance this relationship further could well reflect a hesitancy to counter the global South, even though it is unhappy with the increasing influence of China and Russia in this region, while America has concerns about Modi’s governance. Modi’s recent trip to the United States was an official state visit, an honor only accorded three times to India leaders, and was his sixth visit since he was first elected in 2014. Previously, however, Modi saw his visa request denied due to responses, in his capacity as the Gujarat chief minister, to clashes between Hindus and Muslims.
Before the final summit declarations, it will be important to note what the American President Biden and the host Modi discuss, as well as their body language when they appear together. Without the presence of the Russian and Chinese leaders, the G20 Summit could be revealing in that regard, even if the practical results take a while to become apparent.
With a very large youth population, in contrast to the aging populations in China and the West, India has potential that the United States wants on its side. This is undeniable. And India, given its chronically tense relationship with China, including on their borders, is tempted to undertake a radical change in its neutral stance in the disputes between the superpowers. This, too, is undeniable.
Que a Cimeira do G20, em Nova Deli, seja uma oportunidade para Narendra Modi brilhar a nível mundial é uma evidência, já que o mesmo se aplica ao líder de qualquer país que assuma a presidência anual do grupo das 20 maiores economias, como aconteceu com Joko Widodo, presidente da Indonésia, na reunião realizada em novembro passado em Bali. Mas Modi é primeiro-ministro da Índia, que este ano se tornou o país mais populoso do mundo, e ainda por cima, graças às ausências de Xi Jinping e de Vladimir Putin, terá de repartir a atenção quase que apenas com Joe Biden, o que até pode jogar a favor de uma aliança estratégica a que os dois países parecem estar destinados, mesmo que de um lado e outro tentem disfarçar o entusiasmo pela ideia.
Durante décadas, a Índia assumia-se como a maior democracia do mundo, mas as suas simpatias iam mais para a União Soviética do que para os Estados Unidos, mesmo não chegando ao ponto de uma aliança formal. Mas a queda do bloco comunista atenuou as ligações de Nova Deli a Moscovo, enquanto a reação americana ao 11 de Setembro e ao jihadismo global cativou o apoio dos indianos. E agora, com o BJP de Modi no poder, um partido nacionalista hindu que é também pró-negócios, a relação indo-americana tem tudo para se aprofundar, até pela influência da comunidade indiana nos Estados Unidos, desde os CEO de empresas como Microsoft, Adobe ou IBM a figuras políticas como a vice-presidente Kamala Harris.
A vice-presidente americana teve direito a um cumprimento cúmplice quando Modi em junho visitou os Estados Unidos e discursou perante uma sessão conjunta do Congresso. E não faltaram as ovações dos senadores e representantes àquilo que o líder indiano ia dizendo. Talvez nada sintetize tão bem o quanto a Índia é hoje importante para os Estados Unidos quanto a frase em que Modi, prevendo o impacto na audiência, relembrou que, aquando da sua primeira visita a Washington, o seu país era a 10.ª economia, hoje é a quinta e, sublinhou, em breve será a terceira.
Seja por causa da tradição, seja por contar ainda com o fornecimento de armamento e petróleo russo, a Índia tem sido cautelosa na questão da invasão da Ucrânia, abstendo-se nas votações na ONU de condenar Moscovo. Também há uma lógica de desafio ao Ocidente que vem da luta anticolonial e ainda é muito forte entre os governantes indianos, mas a convergência de interesses com os americanos reforça-se cada vez mais: no comércio os Estados Unidos são já o primeiro parceiro da Índia, com 130 mil milhões de dólares e muita margem para crescimento, e na Defesa os dois países integram, com o Japão e a Austrália, o Quad e fazem exercícios militares conjuntos nos Himalaias, duas situações que, sem qualquer pudor, mostram determinação em contrariar a ascensão da China.
As reticências ao aprofundamento da relação podem ser do lado indiano a hesitação em contrariar o Sul Global, mesmo que desagrade a proximidade reforçada de chineses e russos, e do lado americano algumas dúvidas ainda sobre a governação de Modi. A recente visita foi de Estado, nível protocolar que só aconteceu três vezes com líderes indianos nos Estados Unidos, e já a sexta visita desde a primeira eleição em 2014, mas antes Modi via o visto recusado por causa da sua reação enquanto ministro-chefe do Gujarate a confrontos entre hindus e muçulmanos.
Além das declarações finais, será importante ver o que conversam o americano Biden com o anfitrião Modi e até a linguagem corporal quando surgirem juntos. Sem os presidentes chinês e russo presentes, a Cimeira do G20 pode ser surpreendente a esse nível, mesmo que os resultados práticos possam ainda demorar.
Com uma numerosa população jovem, ao contrário da China que começa a envelhecer tal qual o Ocidente, a Índia tem um potencial que os Estados Unidos querem do seu lado. Isso é indesmentível. E a Índia, numa relação sempre tensa com a China até a nível fronteiriço, sente-se tentada por uma mudança radical na sua política de neutralidade em relação à disputa entre superpotências. Isso é também indesmentível.
This post appeared on the front page as a direct link to the original article with the above link
.