US$ 50 milhões ao dia
NOVA YORK – Com a exceção de apenas dois dias úteis em que perdeu dinheiro no segundo trimestre, o banco norte-americano Goldman Sachs lucrou US$ 50 milhões ou mais ao dia entre abril e junho. Em 46 dias no mesmo período, foram mais de US$ 100 milhões/dia.
No total, o banco teve resultado positivo de US$ 3,4 bilhões no trimestre.
No final de 2008, o Goldman foi socorrido com US$ 10 bilhões em dinheiro dos contribuintes norte-americanos. O numerário foi repassado pelo Departamento do Tesouro, à época comandado por Henry Paulson, ex-presidente do mesmo Goldman Sachs.
Paulson também emprestou dinheiro a outros bancos. No total, colocou à disposição deles US$ 350 bilhões. Vários, como o Goldman, já pagaram o empréstimo. E seguem a vida.
O objetivo dos aportes emergenciais era mesmo esse: manter os bancos em pé e fazer com que voltassem a dar lucro. E a financiar consumidores e mutuários.
A primeira parte deu certo.
A maioria dos bancos voltou a dar lucro no segundo trimestre. A valorização de suas ações é responsável pela forte recuperação da Bolsa de Valores de Nova York.
Já o segundo objetivo, relativo ao crédito a consumidores e mutuários, nem tanto.
Em junho, o volume de crédito oferecido pelos bancos às famílias nos EUA teve a nona queda em 11 meses. Cerca de US$ 10,3 bilhões a menos foram emprestados. Em 12 meses, a queda é de 5%. Isso é ruim, pois 70% do PIB dos EUA dependem do consumo.
Quanto aos mutuários, além das injeções diretas nos bancos, em março o governo colocou US$ 35 bilhões à disposição do sistema para que refinanciasse as prestações imobiliárias de famílias em atraso.
Hoje, 2,7 milhões de mutuários estão pelo menos dois meses sem pagar prestações. Menos de 10% deles (235 mil) conseguiram acordos com os bancos. Correm o risco de perder suas casas, engrossando 1,5 milhão de ações de despejo do primeiro semestre.
No auge da crise, o governo de Barack Obama lançou um ambicioso plano para apertar a regulamentação do sistema financeiro e dar mais proteção aos consumidores. As medidas miram desde os elevados bônus a restrições a quem faz muito dinheiro assumindo elevados riscos.
Fortalecida e lucrativa, a indústria bancária quer agora manter o “status quo”.
É ela quem financia centenas de parlamentares em postos chaves no Congresso.
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Pesquisa de opinião recente mostra que a aprovação de Obama caiu de 57% no início de julho para 50% em agosto.
Nem tanto entre negros, como Obama, mais afetados pela crise.
Só 2% dos brancos estão “muito satisfeitos” com o governo, ante 13% dos negros. Entre os brancos, 47% dizem que a economia vai mal. São apenas 25% entre os negros.
O desemprego atinge quase o dobro dos negros: 14,5%, ante 8,6% dos brancos (a taxa média é de 9,4%).
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