A Good Sign

Edited by Harley Jackson

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As grandes fábricas norte-americanas de automóveis chegaram-se, ultimamente, com lisonjeiras notícias. Uma delas, a Ford, declarou haver tido um dos maiores lucros da sua história, nos primeiros meses do exercício, enquanto a General Motors, a maior delas, disse pelo respectivo presidente que vai começar a restituir ao Tesouro dos Estados Unidos, por antecipação, US$ 1,2 bilhão da ajuda proporcionada pelo governo ianque, no auge da crise econômica e financeira deste último biênio.

Dinheiro bem aplicado dá nisso aí. Essa é, também a consequência de um dinheiro barato com custo básico muito mais baixo do que os empréstimo correntes do mercado bancário, É possível que outras empresas beneficiárias da munificência do Tesouro e do Banco Central do Estados Unidos sigam o exemplo da General Motors, a começar da Ford que declarou o regresso ao tempo das vacas gordas, ou seja, dos lucros originários das vendas de automóveis diretamente ao mercado. Não se sabe até que ponto influíram nessas vendas majoradas o patriotismo do homem médio dos Estados Unidos, que por suposto passou a adquirir com maior ênfase os carros das fábricas locais em detrimento dos de origem europeia ou asiática. Sabe-se que é difícil às possantes fábricas locais, norte-americanas, produzir e vender automóveis (e outros tipos de bens econômicos), quando na outra ponta da concorrência se acham montadoras japonesas e coreanas de escala parecida. Coreanos e japoneses sempre se fizeram presentes no mercado com o espírito daquelas formiguinhas poupadoras que não vacilam em economizar os seus laboriosos centavos. Pois agora estão a receber o troco desse mesmo mercado perdulário que noutros tempos lhes acenou com a fartura e a prodigalidade. O slogan mercadológico de origem britânica bye english veio de ser reacendido e virou bye american desde o norte até o sul, desde o leste até o oeste de um país cuja indústria básica parecia a todos haver afundado, irremediavelmente.

Ao que tudo indica, a propaganda vinculada aos sinais do patriotismo e do sentido de urgência conferiram ao consumidor norte-americano aquele medonho poder de retaliação que caracteriza uma economia forte, robusta apenas momentaneamente enfraquecida, cheia de intuitos dominadores, o que junto produz uma inenarrável reação desta vez em benefício da causa em que todos no mundo estamos empenhados, a causa da revitalização da economia.

O dirigente máximo da General Motor, Fritz Henderson, festejou a decisão do respectivo colegiado com estas palavras simples, porém, muito atuais e convincentes: “É um compromisso dos dirigentes da companhia devolver o dinheiro aos contribuintes”. Esse dirigente se acha muito acima daquele ponto em que muitas pessoas acham o máximo pagar com pontualidade as suas obrigações. Não, agora, é até histórico por ser diferente: paga-se com a antecipação de meses aquilo que o governo, exausto em face de tantos e graves problemas, conseguiu, mesmo assim, aplicar na defesa estrutura econômica do país. A restituição aqui comentada e tantas outras devoluções de que já se fala tambémnos Estados Unidos são o típico prenúncio de que o próprio homem que ensejou, com seus desmazelos, a crise, é o mesmo senhor da história capaz de moldá-la pela partitura e o compasso da ética. Não se tenha a menor dúvida de que a crise mundial está por um fio.

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