It’s Not Iran: It’s Al-Qaida

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Por mais que os Estados Unidos, principalmente, mas também França e Alemanha, estejam incomodados com o programa nuclear iraniano, o fato é que a Cúpula sobre Segurança Nuclear, encerrada nesta terça-feira em Washington, não tinha o Irã como alvo principal, mas a Al Qaeda, se se tomar essa expressão como sinônimo de terrorismo global.

Não é impressão pessoal nem informação privilegiada. O próprio presidente Barack Obama, em conversa com jornalistas difundida pelo hiper-ativo serviço de imprensa da Casa Branca, deixou claro que a possibilidade de uma organização terrorista conseguir uma arma nuclear “é a maior ameaça à segurança dos Estados Unidos, tanto no curto prazo como no médio e no longo prazo”.

Maior clareza, impossível. Mas o presidente ainda deu outras indicações igualmente claras de suas preocupações na matéria em seu discurso aos colegas chefes de governo:

“Duas décadas após o fim da guerra fira, estamos diante de uma cruel ironia da história: o risco de um confronto nuclear entre nações diminuiu mas o risco de um ataque nuclear aumentou”.

Explicita Ben Rhodes, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, um dos técnicos que trabalhou intensamente na cúpula agora encerrada: “Grupos terroristas, ao contrário de governos, não podem ser impedidos de usar armas nucleares” (se as obtiverem, claro).

É uma alusão ao chamado “equilíbrio do terror”, que paralisou desde o fim da segunda guerra (1939/45) as nações possuidoras da bomba atômica. Equilíbrio é uma referência ao fato de que não parecia possível um ataque nuclear tão devastador que impedisse o país atingido de contra-atacar, também com a bomba atômica, causando devastação igual ou maior no que atacara primeiro.

Grupos terroristas, ao contrário de governos, não temem ser atacados pela simples e boa razão de que não têm um território a defender nem se preocupam com os civis à volta deles e que seriam as maiores vítimas de um contra-ataque.

Fica, portanto, muito claro que é mais produtivo cercar todo o material nuclear de um esquema de segurança que limite ou impeça que grupos não-estatais (outro nome para terroristas) obtenham os meios para fazer – e lançar – a bomba.

Fácil de falar, difícil de fazer, se se levar em conta, como disse Obama na cúpula, que “materiais nucleares que podem ser roubados e transformados em arma nuclear existem em dezenas de nacções” e que, sempre segundo Obama, “até a menor quantidade de plutônio –do tamanho aproximado de uma maçã– pode matar e ferir centenas de milhares de pessoas inocentes”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também na cúpula de Washington, acrescentou a sua própria medida de quanto há de fontes radioativas só no Brasil, ao lembar que, após o acidente com o césio-137 em Goiânia (1987), o governo brasileiro fortaleceu e aprimorou a autoridade regulatória, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, que, hoje, “exerce controle estrito sobre as mais de 50 mil fontes radioativas utilizadas para inúmeras atividades pacíficas no Brasil, em áreas como medicina, indústria e pesquisa”, disse o presidente.

Dá uma clara medida do tamanho do desafio e torna sensata a afirmação do presidente brasileiro a seus pares: “O modo mais eficaz de se reduzir os riscos de que agentes não-estatais utilizem explosivos nucleares é a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares”.

É o objetivo declarado de Obama, mas ele próprio já admitiu que essa solução definitiva não virá em seu tempo de vida. Como é jovem (49 anos incompletos), o mundo terá que conviver com o pesadelo ainda por um bom tempo.

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