A Associated Press obteve e-mails e documentos militares que revelam que soldados americanos no Afeganistão posaram para fotos ao lado de cadáveres e de pedaços de corpos, ao estilo do escândalo de Abu Ghraib. O material está em poder do Exército e foi mantido em sigilo porque o governo americano teme o efeito devastador que ele possa ter na imagem do país. As fotos integram as evidências do processo contra cinco soldados dos EUA acusados de matar três afegãos “por esporte”.
O caso aprofunda a sensação de que o estado de guerra é encarado por alguns soldados como um entorpecente, que os ajuda a encontrar um lugar no mundo. O tema foi abordado no premiado filme The Hurt Locker (lamentavelmente traduzido como “Guerra ao Terror” no Brasil), em que o protagonista não pode viver sem a excitação da guerra. É diante do risco que ele se sente em casa. Os mortos do lado inimigo não existem senão como parte desse habitat – logo, nada mais coerente do que deixar-se fotografar perto deles como se fossem animais abatidos.
Para Michael Corgan, professor de Relações Internacionais na Universidade de Boston e veterano do Vietnã, as fotos são como suvenires: “As imagens provam que eles são os durões que dizem que são. A guerra é uma experiência lírica em suas vidas – em comparação, tudo o mais é entediante. Eles se revelam na guerra e coletam lembranças dela”.
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