Numa altura em que Mitt Romney cimentou a posição como candidato republicano às presidenciais norte-americanas de Novembro muitas questões se levantam relativamente a sua fé, qualificações e hipóteses de vencer o actual Presidente.
Sobre a primeira questão, os títulos de jornais e portais não escondem a procura pela resposta a uma pergunta comum: estão os norte-americanos preparados para eleger um Presidente mórmon? Embora pareça irrelevante, não há dúvida que a religião tem um papel fundamental nas eleições dos Estados Unidos. Há historiadores que afirmam que um dos factores que inviabilizou, em Novembro de 1988, a eleição de Michael Dukakis, político democrata de origem grega e membro da Igreja Ortodoxa, foi precisamente a religião.
Algumas fontes argumentam que uma eventual eleição de Romney podia ser uma “oportunidade de ouro” para uma igreja que tem o objectivo de ampliar os sustentáculos a todos os Estados Unidos e mesmo internacionalmente, mas isso também podia ter alguns riscos. Um porta-voz dos mórmones já anunciou que a Igreja se vai manter neutra nestas eleições.
As vantagens de Romney começam com a abertura que a Igreja, fundada há mais de 200 anos e perseguida durante várias décadas, pode conhecer se ele chegar à Casa Branca.
Os riscos do cepticismo persistente relativo àquela confissão religiosa devem-se a pesquisas como a da Bloomberg News, de Março, que conclui que, pelo menos, um em cada três norte-americanos tem uma opinião desfavorável da Igreja Mórmon.
De qualquer forma, as coisas nos Estados Unidos tendem para a abertura e o pessimismo actual pode assemelhar-se ao da circunstância que envolveu a eleição de Obama, enquanto primeiro Presidente negro daquele país. É possível que a própria nomeação de Romney Mitt Romney, como candidato explique pelo menos uma de duas coisas: o campo republicano não tinha outra figura à altura de defrontar Obama ou as coisas estão a mudar.
Isto porque Romney ao lado de figuras tidas como potenciais vencedores, entre as quais Rick Perry, Rick Santoroum, Newt Gingrich e Ron Paul, era o mais improvável para a nomeação, particularmente por causa do factor religioso.
A sua vitória pode ser um sinal de que as coisas estão mesmo a mudar no campo republicano, onde a influência dos cristãos evangélicos – que encaram o mormonismo como um ritual não cristão – já não pesa tanto na hora da escolha do candidato do partido.
Um analista político disse que “há um grande número de eleitores que se identificam como cristãos evangélicos e conservadores que não aceitam a fé mórmon como um dogma do cristianismo, mas a maioria dos eleitores é hoje tolerante”.
Quanto às qualificações, há uma voz insuspeita que considera Mitt Romney com qualificações para ser Presidente dos Estados Unidos, embora por razões de solidariedade partidária opte por Obama. Bill Clinton, democrata e ex-Presidente norte-americano, numa entrevista a CNN, disse não haver dúvida, que “a experiência como gestor, governador de um Estado e a carreira como homem de negócios o coloca no patamar da qualificação”.
Basicamente, para Clinton, que prefere Obama para um segundo mandato como Presidente, o debate está longe de quem é o melhor para os Estados Unidos.
A questão de fundo, disse, é o conjunto de propostas que cada um apresenta para se sair da presente crise de recuperação em que se encontra a economia norte-americana.
A chuva de sondagens apresenta, na maioria, os dois candidatos empatados numa altura em que os números do desemprego podem ter uma palavra a dizer na eleição. Mitt Romney faz da economia o tema central da campanha e muitos acreditam que se os números do desemprego se mantiverem entre 8 e 9 por cento ou superarem os dois dígitos dificilmente Obama consegue a reeleição. Um dos aspectos que anima a candidatura de Romney é o facto das sondagens em Estados importantes o colocarem em situação vantajosa. A História mostra que desde 1960 nenhum candidato é eleito Presidente se não ganhar em, pelo menos, dois dos três Estados considerados importantes – Florida, Ohio e Pensilvânia – onde Romney lidera.
Atendendo a esta situação que caracteriza a corrida entre Barack Obama e Mitt Romney, quer em matéria de angariação de fundos, quer de adesão à campanha, nenhum deles ganha por larga maioria.
Ainda quanto à religião, lembram algumas fontes, que o fundador da Igreja Mórmon, Joseph Smith, também tentou, em 1844, concorrer à Casa Branca. Mais de um século e meio depois Mitt Romney pode ser o primeiro Presidente mórmon dos Estados Unidos.
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