Edited by Kathleen Weinberger
Além da escolha da governadora do Alasca, Sarah Palin, para a vice-presidência, houve um momento fulcral e decisivo – o tal game-changer — na campanha do republicano John McCain em 2008. Foi em Setembro, quando a inesperada e surpreendente falência do banco de investimento Lehman Brothers foi anunciada, atirando o sector financeiro mundial para uma espiral de perdas históricas, e o veterano senador do Arizona comentou que “os fundamentos da economia americana estão sólidos” (enquanto o seu adversário, Barack Obama, denunciava as políticas de desregulação e a cultura de irresponsabilidade vigente em Wall Street). Esse foi o momento em que o eleitorado americano decidiu qual dos dois candidatos era o mais presidenciável — a campanha de McCain nunca mais recuperou dessa primeira reacção, precipitada e
Ontem, vários republicanos classificaram as declarações de Mitt Romney sobre a resposta da Administração Obama ao inesperado e surpreendente ataque à missão diplomática dos Estados Unidos em Bengasi, na Líbia, (e também à embaixada norte-americana no Cairo), como o seu “momento Lehman”.
As palavras do ex-governador do Massachusetts, que acusou o Presidente de se desculpar em nome da América e insinuou uma subserviência da Administração aos regimes islamistas, mereceram críticas imediatas: de ambos os lados do espectro político, do corpo diplomático, comentadores e opinião pública. Foram vários os “pecados” da sua declaração (e de várias posições divulgadas em comunicados pela sua campanha), alguns de forma e outros de conteúdo: o candidato republicano desrespeitou o acordo de não “injectar” a campanha eleitoral nas homenagens do 11 de Setembro e ignorou a tradição de não utilizar tragédias nacionais para tentar marcar pontos políticos. Mas pior para ele (e a sua campanha), decidiu pronunciar-se antes de serem conhecidos todos os factos, e fazendo uma leitura abusiva — e errada — dos acontecimentos da Líbia e do Egipto e da reacção de Washington.
Sob pressão, e apanhado em contrapé, Romney cometeu um outro pecado, que pode ter sérias repercussões na sua campanha: em vez de corrigir o tiro, reafirmou e reforçou as suas críticas iniciais — abrindo o flanco a mais críticas e contra-ataques. O Presidente Obama não perdeu tempo, notando que “o governador Romney gosta de atirar primeiro e apontar depois”. Questionado sobre a eventual irresponsabilidade do candidato republicano, o Presidente sacou do trunfo: essa é uma resposta que “compete ao povo americano” nas urnas.
A campanha republicana, que pretendia combater Obama apenas com base no (mau) desempenho da economia americana já tinha sofrido revezes quando os temas da chamada “guerra cultural” — a contracepção, o aborto, o casamento gay — atraíram a atenção dos eleitores e permaneceram na ordem do dia dos media. Agora que a política externa ameaça tornar-se o principal tema de debate eleitoral, o potencial de prejuízo para as aspirações de Mitt Romney é incalculável.
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