In the End, the Hole Is Deeper

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Enfim, o buraco é mais fundo (Eleição Watch)

Uma reportagem da edição desta semana de VEJA (A Questão que Importa, de Giuliano Guandalini) é precisa sobre as cartas econômicas e de filosofia de governo na eleição americana. Na campanha, os democratas querem “mais impostos, mais gastos públicos e mais regulação -mais governo, enfim”. Já os republicanos insistem que este caminho será o fim da “prosperidade econômica”. Querem menos governo, enfim.

Sobre o futuro, VEJA conclui que “quem quer que saia vitorioso nas urnas terá uma dura batalha para fazer sua visão prevalecer no Congresso e conseguir que a maior economia do planeta supere a sua década perdida”. Na convenção democrata desta semana, Barack Obama pedirá mais tempo, uma segunda chance. Na convenção republicana da semana passada, Mitt Romney disse que Obama já teve a sua chance e a desperdiçou.

Na reportagem, VEJA dá o contexo. Lembra que “Obama assumiu, em 2009, um país à beira da depressâo econômica” e com medidas que em boa parte foram uma continuação do que fora feito no final do governo Bush ele “evitou uma reedição da Grande Depressão”. O preço do sucesso: a dívida pública dobrou.

Em um ensaio no fim-de-semana, no jornal Valor, com o título Os Rumos do Capitalismo, o economista André Lara Resende contribui para o debate mostrando como o buraco é fundo: uma nova Grande Depressâo foi evitada, mas o endividamento continua excessivo. Na expressão feliz (e aterradora) de Lara Resende, “troca-se um fim horroroso por um horror sem fim”.  Ele observa que na crise, que é global, não existe “solução à vista e nem mesmo consenso sobre como proceder”.

Erudito, Lara Resende traz para o debate menções a Adam Smith, Marx, Schumpeter, Keynes, a Escola Austríaca e a Escola de Frankfurt (em suma, críticas e propostas de soluções à esquerda e à direita). Não fiquem agoniados, mas reflexões mais profundas atravessam esta galeria na conversa sobre ajustes cíclicos e destruição criativa do capitalismo. Como resolver uma crise (e minorar o custo social para a população) sem coibir o espirito inovador do capitalismo? O duelo entre justiça ou liberdade (ou entre liberdade e justiça).

Para Lara Resende, nestes termos, as duas grandes questões do nosso tempo são: 1) reduzir a disparidade dos padrões de vida, sem continuar a aumentar a intermediação do Estado e restringir as liberdades individuais e 2) reverter o consumismo, a insaciabilidade material, sem reduzir a percepção de bem-estar”.

Grandes questões e para encontrar respostas será preciso superar o fosso profundo do preconceito ideológico. A polarização eleitoral nos EUA mostra que não estamos perto de lá (na superação do fosso).

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