Chemical Weapons in Syria And Barack Obama's Position

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Armas químicas na Síria e a posição de Barack Obama

19 de Dezembro, 2012
 O recente anúncio feito por Barack Obama numa entrevista a Bárbara Walters de que a sua Administração reconheceria “como legítima representante do povo sírio” a chamada “Coligação Nacional das Forças Revolucionárias Sírias” parece mais um tiro no pé da diplomacia internacional.
A posição anunciada dos Estados Unidos surgiu no passado dia 11 depois de os Estados do Conselho de Cooperação do Golfo – alguns com envolvimento directo no financiamento da insurreição –, a Turquia, Grã-Bretanha e França terem tomado atitude semelhante.
Estes reconhecimentos nada adiantam na resolução do conflito. Em primeiro lugar, porque a influência dos reconhecedores é duvidosa fora da oposição exilada, depois, porque esta não é reconhecida por muitos dos grupos combatentes e, finalmente, porque esquece o apoio que o regime de Assad ainda tem. Como se isso não bastasse, a tal Coligação tem em si elementos fundamentalistas islâmicos que no terreno se ligam a extremistas, incluindo da Al Qaeda.
Uma fotocópia dos erros cometidos na Líbia parece estar a ser tirada pelos EUA e alguns dos seus mais influentes aliados da OTAN, com a excepção, pelo menos por enquanto, do envolvimento de meios aéreos estrangeiros, apesar dos esforços da Turquia para convencer os seus aliados da necessidade de uma interdição de espaço aéreo para protecção dos refugiados que se encontram na área fronteiriça. Aos rebeldes, através da fronteira turca, ao Governo, através do espaço aéreo iraquiano. Todos fornecem armas para este conflito que só se esgotaria com o embargo de armas e uma decisiva atitude diplomática dos aliados dos dois lados (ou três, ou mesmo quatro).
A posição de Obama é tanto mais surpreendente quando se segue a uma semana de notícias na imprensa norte-americana

que armas fornecidas à insurreição líbia teriam ido parar às mãos de grupos ligados à Al Qaeda e se sabe de ligações entre grupos fundamentalistas sírios e a organização terrorista. Preocupantes são também as notícias surgidas, já no final da semana passada, de que a OTAN receava o uso que o Governo sírio pudesse vir a fazer do seu arsenal químico. 
A posse de armas químicas pela Síria não é um segredo. Ao contrário do que sucedeu com o Iraque, nem é necessária uma missão de observação – que concluiu pela negativa, segundo o seu presidente Hans Blix. Existem, assumidamente. O alegado uso de misseis SCUD contra os rebeldes deu azo a que se tornasse público os receios de utilização de armas químicas e resta apenas esperar que isso não se torne motivo de um incidente transfronteiriço com a Turquia que leve ao confronto que muitos desejam.
As chamadas “primaveras árabes” já deixaram claro que os outonos se seguem rapidamente.

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