Um dia depois da formação do Governo resultante das eleições antecipadas, Israel recebeu ontem a vista do Presidente Obama, com uma agenda preenchida de desafios que vão desde a reformulação da aproximação entre Benjamin Netanyahu e Barack Obama, o conflito na Síria e as suas consequências, aos desafios colocados pelo programa nuclear iraniano.
Um dia depois da formação do Governo resultante das eleições antecipadas, Israel recebeu ontem a vista do Presidente Obama, com uma agenda preenchida de desafios que vão desde a reformulação da aproximação entre Benjamin Netanyahu e Barack Obama, o conflito na Síria e as suas consequências, aos desafios colocados pelo programa nuclear iraniano. Mas um outro desafio que também faz parte desta viagem é a expectativa, por parte dos palestinos, em ver o Presidente dos Estados Unidos a reafirmar o seu compromisso para com a solução dos dois Estados.
Obama viaja com uma agenda desprovida de novas iniciativas de paz e pretende fazer da sua deslocação à região um momento para fortalecer laços com países aliados e renovar a esperança no relançamento das negociações de paz. Mas trata-se acima de tudo de uma visita simbólica à Terra Santa, um dado que se tinha avançado muito antes da viagem.
Para muitos, esta pode ser uma das raras oportunidades que Barack Obama e Benjamin Netanyahu têm para emendar relações pessoais equidistantes e visões políticas desencontradas relativamente à forma de fazer avançar o processo de paz israelo-palestiniano.
Durante o primeiro mandato, Barack Obama e Benjamin Netanyahu tinham perspectivas desacertadas, numa altura em que a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) esperava de Washington maior capacidade de persuasão junto de Jerusalém.
Benjamin Netanyahu diz-se comprometido com a solução dos dois Estados. Com a formação do novo Governo, em que predominam figuras da direita radical e moderados, existe igualmente expectativa quanto à política que vai ser adoptada em relação ao paralisado processo de paz.
As esperanças são reduzidas, sobretudo quando Barack Obama prefere não abordar de frente a questão da paz entre israelitas e palestinos para eventualmente não atrapalhar.
Aqui, o busílis continua a ser a recusa das autoridades israelitas em aderir às conversações sob determinadas condições e cessarem a construção em territórios que devem fazer parte do futuro espaço palestino. Os palestinos esperam que Israel assuma os seus compromissos, alguns que envolvem resoluções internacionais, e adiram às conversações directas. O papel da mediação, quer a jogada pelo Quarteto de Paz para o Médio Oriente, quer a orquestrada pelos Estados Unidos, tem sido contestada, numa altura em que uma sondagem da ABC News revela que 69 por cento dos americanos não são favoráveis ao contínuo papel exercido por Washington.
A solução dos dois Estados, enquanto via para que Israel e Palestina coexistam lado a lado como Estados independentes e soberanos, continua a trilhar caminhos sinuosos. E o maior temor é que essa possibilidade desapareça, colocando israelitas e palestinos perante a eventual possibilidade de coabitarem num único espaço do Mediterrâneo ao Jordão.
A viagem de Obama ao Médio Oriente não visa concretamente levar as partes ao reatamento das negociações, mas, segundo informações próximas, inicialmente explorar as vias através das quais se pode fazer avançar o processo de paz. Esta parece ser uma das razões que levou o secretário de Estado, John Kerry, a reunir-se dias antes da visita de Obama a Israel com o enviado especial do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Depois de um primeiro mandato caracterizado pelo que se pode chamar de fracasso em levar os israelitas e palestinos à mesa de negociações para chegarem a um acordo de paz, Barack Obama terá aprendido muito com a realidade no terreno, evitando assim alimentar grandes expectativas.
Quanto ao conflito na Síria, pode-se dizer que fortalece a posição de Israel na região até ficar totalmente claro qual o cenário pós Bashar Al Assad, quais as forças políticas que tomam o poder e qual a sua agenda. Depois da entrevista dada por Obama a um canal de televisão israelita em que alegou que o Irão está a um ano de fabricar um artefacto nuclear, não há dúvida de que este constitui dos pontos delicados da agenda do Presidente americano.
Jornais americanos faziam referência de que Obama vai a Israel para aproveitar reafirmar a sua oposição à linha vermelha estipulada por Benjamin Netanyahu, limite a partir do qual Israel se sente livre para inviabilizar pela força o programa nuclear iraniano. Obama defende que se deve dar tempo para que a diplomacia e as sanções funcionem, enquanto os israelitas, a começar pelas figuras políticas, defendem que pela via do diálogo nada de especial se vai obter.
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