Uma explosao de dados sobre o terror
Bomba! Bomba! Bomba!
Existem poucos atentados terroristas nos EUA e as ações estão em baixa desde os anos 70. O que aconteceu na maratona de Boston na segunda-feira foi uma anomalia. Os atos de terror em 11 de setembro de 2001 foram uma anomalia e as medidas agressivas de contraterrorismo, desde então, acentuaram o declínio de ataques (e provavelmente sorte).
Ser anomalia não é consolo para as vítimas destas barbáries e para quem brada viva a civilização! No entanto, eu disparo estes dados rápidos por cortesia da Global Terrorism Database, da Universidade de Maryland, cujas estatísticas são um alerta: metade dos atos terroristas no mundo nunca foram elucidados e a mesma coisa com 1/3 deles nos EUA.
De novo, não se trata de minimizar a tragédia em Boston (três mortos e 180 feridos) ou descartar a possiblidade de que seja rapidamente elucidada, mas de colocá-la no contexto. Em tempos recentes, a cifra de vítimas em Boston foi alta, apenas superada pelo 11 de setembro, Oklahoma City em 1995 e o ataque anterior ao World Trade Center em 1993. No entanto, existe este sistemático declínio de terror dentro dos EUA desde os anos 70.
Naquela década, aconteceram cerca de 1350 ataques, num espectro que incluiu extremistas de esquerda, de direita, supremacistas brancos, militantes negros e nacionalistas portorriquenhos. A foto acima mostra o ato terrorista reinvindicado pelas Forças Armadas de Libertação Nacional de Porto Rico. A bomba explodiu em 4 de janeiro de 1975 em um edifício histórico de Nova York, a Fraunces Tavern (visite quando estiver aqui), resultando em quatro mortos e mais de 50 feridos.
Mais contexto é oferecido por Max Boot, autor do recém-publicado livro Invisible Armies (Exércitos Invisíveis), sobre a trajetória, da história antiga ao presente, de guerrilha e terrorismo (que costumam estar entrelaçados). Boot argumenta sobre a futilidade do terrorismo, ressaltando que poucas vezes o terror tem sucesso e isto acontece usualmente quando os grupos vão além de puros ataques terroristas. Um caso recente na história é o xiita libanês Hezbollah.
A rede Al Qaeda, obviamente, teve impacto, pois os ataques do 11 de setembro deflagraram a invasão do Afeganistão e por dúbia extensão a do Iraque. Boot lembra que as evidências sugerem que esta não era a intenção de Osama Bin Laden. Ele queria enfraquecer os EUA e derrubar seus regimes aliados no Oriente Médio. Isto aconteceu em alguns casos (Egito, por exemplo), mas não em razão das atrocidades da rede Al Qaeda.
Explosão é a marca registrada do terror moderno. Ironicamente, ele começa quase ao mesmo tempo da invenção pelo nobre Alfred Nobel da dinamite em 1867. Igualmente instrumental para o terror moderno foi a invenção do telégrafo e o triunfo da imprensa de massa.
Na expressão de Max Boot, o terrorismo é acima de tudo um ato de comunicação. Nem se fala nos dias de hoje. A cobertura jornalística e nas redes sociais é frenética. Desde segunda-feira, em Boston, é uma maratona, com uma competição alucinada, que levou a incríveis tropeções de informações conflitantes e erradas na quarta-feira, como o anúncio por emissoras de televisão e a venerável agência de notícias AP de que um suspeito já fora preso.
Como os pesquisadores da Universidade de Maryland, Max Boot alerta que os responsáveis por terrorismo muitas vezes não são capturados ou mortos. A elucidação pode levar um tempão, a exemplo do desfecho do crime de Eric Rudolph, o extremista de direita responsável pelo ataque na Olimpíada de Atlanta de 1996 (que faz lembrar o que ocorreu em Boston). Na sequência, ele alvejou clinicas de aborto. Rudolph foi preso apenas em 2003 (está em prisão perpétua sem chance de redução de pena).
Max Boot é um grande especialista, mas repete o que os leigos sabem: o objetivo do terror é nos aterrorizar. Com mais ou menos heroísmo (com mais ou menos medo), devemos seguir com a vida. Max Boot fez sua parte. No day after, terça-feira, ele foi para Boston dar uma palestra sobre a história da guerrilha e do terrorismo.
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