A New Kind of Normal

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Jeff Sessions, senador pelo estado do Alabama, vai ser procurador-geral dos Estados Unidos. É conhecido por ter apoiado a deportação de milhões de imigrantes ilegais e a imposição de uma moratória à entrada de muçulmanos nos Estados Unidos – duas propostas que Donald Trump lançou na campanha, ambas absolutamente normais.

Mike Pompeo, representante republicano pelo Kansas, será o novo diretor da CIA. Ficam bem entregues os serviços secretos norte-americanos. Ficam nas mãos de um dos primeiros republicanos do Tea Party a ter assento no Congresso. Continuamos no campo da normalidade.

Michael T. Flynn, um general de três estrelas com um histórico de declarações duras e polémicas acerca do islão, vai ser o novo conselheiro de segurança nacional. Normal.

Stephen Bannon, responsável pela Breibart News, um sítio na net que é poiso para escritos de extrema-direita nacionalista, nativista e defensora da supremacia branca, vai ser o principal conselheiro e estratega da Casa Branca de Trump. Sim, igualmente normal.

É aliás normal, mas revelador, que o novo presidente comece por anunciar os nomes ligados à segurança e à defesa.

Entretanto, nesta semana, o porta-voz de um dos maiores financiadores da campanha do presidente eleito dizia na Fox News que o registo de todos os imigrantes muçulmanos, uma ideia defendida por Trump enquanto candidato, tinha um precedente legal, histórico, nos Estados Unidos – o internamento de japoneses em campos de detenção durante a Segunda Guerra Mundial.

E também é normal que o presidente da maior democracia e da maior potência militar a nível global responda a uma pergunta sobre o Obamacare desta forma: “Vamos arranjar, e podemos arranjar, muitos planos diferentes. Na verdade, planos de que ninguém ainda ouviu falar vão ser desenhados porque vamos arranjar planos – planos de saúde – que vão ser muito bons.”

Entre ideias verdadeiramente perigosas, nomeações assustadoras e a mais absoluta impreparação, Donald Trump vai passando os dias até à posse. Bem sei que é resultado de eleições livres e democráticas. Outras eleições igualmente livres e democráticas deram em sombras bem mais sinistras. Sei isso tudo, só não me peçam para “normalizar”.

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