Às vésperas da viagem de Bolsonaro aos EUA, deputados americanos cobram respeito aos direitos humanos
Ala mais à esquerda do Congresso envia carta com pedido para que Departamento de Estado pressione governo brasileiro
SÃO PAULO — Um grupo de 32 parlamentares dos Estados Unidos publicou na última segunda-feira uma nova carta para pressionar a Casa Branca a exortar o governo de Jair Bolsonaro a defender os direitos humanos e as minorias no Brasil.
Esta é mais uma ação do grupo mais à esquerda do Congresso contra o novo presidente brasileiro. Se desta vez a carta não tem a força do texto anterior, patrocinado oficialmente pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, agora é publicada em um momento crucial: a duas semanas da chegada de Bolsonaro a Washington. O brasileiro fará sua primeira visita a um colega no dia 17, quando se reunirá com Donald Trump.
O documento afirma que Mike Pompeo, secretário de Estado americano, precisa defender os direitos humanos no Brasil, “à luz dos ataques do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, contra os direitos da comunidade LGBT e outras comunidades minoritárias, mulheres, sindicalistas e dissidentes políticos”.
“Bolsonaro está colocando em risco o futuro democrático do Brasil a longo prazo” , afirma o texto. “Em um sinal claro dos perigos enfrentados pela comunidade LGBT+ do Brasil e pelos dissidentes políticos, o primeiro membro abertamente gay do Congresso Nacional do Brasil, Jean Wyllys, recentemente anunciou que iria renunciar ao cargo e deixar o país por temer por sua segurança em meio às crescentes violência e intimidação contra indivíduos LGBTQ+”.
O grupo de parlamentares que assina a carta é muito próximo dos sindicatos americanos, que têm relação histórica com a esquerda brasileira. Em geral, estas cartas não geram profundos efeitos práticos. Porém, em um momento em que os democratas ganham peso no Congresso dos EUA, após conquistar a maioria da Câmara nas eleições legislativas de novembro do ano passado, uma oposição do tipo pode criar dificuldades para a relação do governo brasileiro com Washington.
Especialistas afirmam que, ao ser tão associado ao governo de Trump e ter uma visão negativa sobre os direitos humanos, o governo de Bolsonaro pode ter dificuldades para aprovar acordos no Congresso, onde depende dos votos dos democratas.
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Elaborado pelos deputados democratas Susan Wild (Pensilvânia) e Ro Khanna (Califórnia), o documento foi assinado por outros 30 parlamentares, incluindo a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, a mais jovem parlamentar da história dos EUA e nova líder da esquerda americana.
“Nós devemos estar com o povo brasileiro, especialmente com tantos dissidentes do Brasil, ativistas trabalhistas e outros lutadores pela justiça e igualdade, que arriscam suas segurança para falar contra as forças ressurgentes de autoritarismo, de xenofobia e de divisão”, escreveu Wild na defesa da carta. “O secretário Pompeo deve destacar publicamente a importância de defender os direitos humanos no Brasil. Eu peço a ele para deixar claro ao governo do Brasil que os EUA veem como inaceitáveis as ameaças de Bolsonaro às comunidades LGBT +, mulheres, sindicalistas e dissidentes políticos “, escreveu Khanna.
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