The trade dispute between the U.S. and China, two of the biggest protectionist powers, is reaching a new level. All participants in international trade, including Brazil, are closely monitoring this escalation. The U.S. government may levy higher taxes on goods from countries with currencies considered artificially undervalued, such as China.
This change will take place if a bill currently in the House of Representatives becomes law. The proposal passed in the Ways and Means Committee, and Speaker of the House, Democrat Nancy Pelosi, intends to pass the bill on to the full House. The proposal has yet to reach the Senate, but the political message is quite clear: Washington soon may have another powerful tool to limit foreign competition.
For years, the major powers have pressed China to let the yuan appreciate. The Chinese currency has remained undervalued for a long time, despite external account surpluses and the accumulation of vast reserves. This process occurs because the currency exchange is controlled, and currency fluctuates only within a very narrow margin.
The Chinese government has slightly expanded the margin of fluctuation and promises to liberalize trade, but gradually. The result so far has been negligible. The undervaluation of the yuan makes it almost impossible to compete with Chinese producers, and this affects not only developed economies, such as the American and European ones, but also emerging economies like Brazil.
Diplomatic pressure on the Chinese government is routine but ineffective, and even more ineffective at the international level. The rules of the World Trade Organization do not govern exchange policies. Many cases have been filed against China, but they were based on allegations other than exchange policies.
The bill pending before the U.S. House of Representatives opens a new chapter in the conflict. If the proposal becomes law, the world's largest economic power will apply a unilateral rule to combat competition labeled as unfair.
This would not be the first U.S. unilateral action within the international trade arena. American authorities have tried to impose other standards made in Washington on their partners, while maintaining billions of dollars for agribusiness subsidies. Some of these subsidies have already resulted in convictions for certain types of aid granted to the cotton sector. It remains to be seen whether a law against exchange policies labeled as unfair will be compatible with other WTO rules.
Competition based on undervalued exchange rates is an old practice, dating back to the 1930s, when it was very common for industries within highly developed economies to dispute turf during a depressed market. Many countries engaged in war currency battles, and the result was bad for everyone, delaying trade recovery. With the creation of the International Monetary Fund in 1944, it seemed possible to establish some order within the exchange system. However, this limited discipline was dismantled in the 1970s, after the official devaluation of the dollar.
The system of international standards for trade regulates other aspects of competition, but governments remain free to adopt the currency exchange model of their choice. With the Uruguay Round, ended in 1994, and the creation of the WTO, the system improved in important respects, but the exchange went out of control.
A bill in Congress will give U.S. President Barack Obama one more reason for argument with the Chinese authorities during the upcoming G-20 Summit in November. However, the American initiative will contribute a more lasting and long-range effect by including currency exchange tariffs as part of the agenda for trade negotiations. Unilateral laws, even when in principle compatible with WTO rules, are dangerous. Creation of international rules can be very complicated, but it is the best alternative.
O conflito comercial entre Estados Unidos e China, duas das maiores potências protecionistas, está sendo levado a um novo patamar. Todos os participantes do comércio internacional, incluído o Brasil, devem acompanhar com atenção essa escalada. O governo americano poderá cobrar impostos mais altos sobre produtos de países com moedas, como a chinesa, consideradas artificialmente subvalorizadas. Isso ocorrerá se for convertido em lei um projeto em tramitação na Câmara de Representantes. A proposta passou pelo Comitê de Meios e Recursos, e a presidente da Casa, a democrata Nancy Pelosi, já defendeu o envio do texto ao plenário. O projeto ainda será submetido ao Senado, mas o recado político já é bastante claro: Washington poderá dispor, em breve, de mais um instrumento poderoso para limitar a concorrência estrangeira.
Durante anos, as grandes potências têm pressionado a China para deixar o yuan valorizar-se. A moeda chinesa está depreciada há muito tempo, apesar dos superávits nas contas externas e da acumulação de enorme volume de reservas. Isso ocorre porque o câmbio é controlado e a moeda só flutua numa faixa muito estreita. O governo chinês tem ampliado ligeiramente a margem de flutuação e promete liberalizar o câmbio, mas de forma gradual. O resultado é até agora pouco significativo. A subvalorização do yuan torna quase impossível competir com os produtores chineses e isso afeta não só as economias desenvolvidas, como a americana e as europeias, mas também as emergentes, como a brasileira.
Pressões diplomáticas sobre o governo chinês são tão rotineiras quanto ineficazes, mas não se pode fazer muito mais que isso no âmbito internacional. As normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) não disciplinam as políticas de câmbio. Foram abertos muitos processos contra a China, mas com base em outras alegações.
O projeto em tramitação na Câmara de Representantes dos EUA abre uma nova frente no conflito. Se a proposta for convertida em lei, a maior potência econômica do mundo aplicará uma regra unilateral para combater uma concorrência rotulada como injusta.
Não será a primeira ação unilateral dos Estados Unidos na área do comércio internacional. As autoridades americanas já tentaram impor a seus parceiros outras normas made in Washington, além de manter muitos bilhões de dólares de subsídios a produtos do agronegócio. Alguns desses subsídios já foram condenados por juízes da OMC - caso de alguns tipos de ajuda concedidos ao setor de algodão. Resta saber se uma lei contra políticas de câmbio rotuladas como desleais será compatível com as normas da OMC.
A competição com base no câmbio depreciado é uma velha prática. Foi muito comum na década de 1930, quando as indústrias das economias mais desenvolvidas disputavam fatias de um mercado em depressão. Como vários países se envolveram na guerra cambial, o resultado foi ruim para todos e a recuperação do comércio foi retardada. Com a criação do FMI, em 1944, parecia possível pôr alguma ordem no sistema cambial. Mas essa limitada disciplina foi desmontada nos anos 70, depois da desvalorização oficial do dólar.
O sistema de normas internacionais de comércio regulou outros aspectos da concorrência, mas os governos continuaram livres para adotar o modelo cambial de sua preferência. Com a Rodada Uruguai, encerrada em 1994, e a criação da OMC, o sistema foi aperfeiçoado em aspectos importantes, mas o câmbio continuou fora de controle.
A proposta de lei em tramitação no Congresso dos EUA dará ao presidente Barack Obama um argumento a mais para a discussão com as autoridades chinesas, na reunião de cúpula do Grupo dos 20, em novembro. Mas a iniciativa americana produzirá efeitos mais duradouros, e de alcance maior, se contribuir para a inclusão do câmbio na pauta geral das negociações comerciais. Leis unilaterais, mesmo quando compatíveis, em princípio, com as normas da OMC, são perigosas. A produção de regras internacionais pode ser muito complicada, mas esse é o caminho mais seguro.
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