Faça o que faço, não o que digo!
Paulo Arthur Marenga // Economista
paulomarenga@yahoo.com.br
O título aí em cima, como você pode observar, está invertido em relação ao tradicional faça o que digo, não o que faço. Achei-o adequado e você vai entender o porquê dessa troca. Preservação do meio ambiente, recuperação de créditos de carbono, redução da emissão de CO2, diminuição do desmatamento das florestas e outros tantos títulos chamativos surgidos nos últimos anos, passaram a fazer parte da vida cotidiana das pessoas. Das classes primárias às universidades, o tema é recorrente. Apesar disso, entre nós brasileiros, há muita retórica e pouca ação por parte das autoridades. O que vemos de concreto surge sempre da iniciativa privada e das ONGs – organizações não-governamentais.
Com manipulações de dados, frequentemente contestados por quem acompanha o assunto, o desmatamento da nossa Amazônia é, certamente, o fator que mais preocupa os ambientalistas. Derrubar árvores centenárias para plantar capim é inaceitável. Considerando o que fizemos à nossa outrora exuberante Mata Atlântica e à sua fauna, não nos admiremos se chegarmos a destruir aquela que ainda é chamada de ‘pulmão do mundo’. Além de concentrar a maior biodiversidade do planeta, a Amazônia possui 20% de toda reserva hídrica da terra, o que não é pouco, e isso será essencial em futuro não muito distante.
Pois bem, os EUA e a China, maiores poluidores, costumam recusar-se a assinar protocolos e acordos voltados à redução da poluição. Ninguém quer perder. Mas, com essa retórica de que os outros é que poluem, por aqui, continuamos iludindo. Pública e oficialmente fala-se em redução de 40%, número que vamos levar a Copenhague. Contrariamente ao que diz, segundo dados oficiais, o Brasil pretende aumentar em três vezes a produção de energia gerada a partir da queima de carvão mineral. Com isso, teremos um incremento de quatro vezes na poluição gerada pela queima desse mineral, dizem especialistas. Estamos perdendo o bonde da história ao relegarmos a plano secundário a geração de energia a partirde fontes limpas como eólica e solar, que não decolam por aqui, a exemplo do que se faz mundo a fora.
Pois bem, nos EUA, país que tanto resiste aos acordos, planeja-se chegar a 2030 com 20% da geração de energia através de aerogeradores. No Texas, um dos mais ricos estados norte-americanos, com a economia maior do que a da maioria dos países latino-americanos chegou-se, em 28 de outubro passado, ao impressionante número de 25% do consumo de energia vindos de turbinas eólicas. Recorde muito comemorado pelas autoridades. A energia solar também é muito explorada pelos norte-americanos e há programas oficiais de incentivo e do tipo ‘construa seu próprio painel solar’ que hoje, pelo uso intensivo, ficou mais acessível às classes de renda mais baixas. Para chegar ao impressionante número de 20% de seu consumo através de energias renováveis, os norte-americanos pretendem instalar 180 mil novas turbinas eólicas até 2030, 100 novos reatores nucleares, sem contar o sem número de painéis solares individualmente instalados nas residências. Enquanto isso, preferindo o blá-blá-blá oficial e as mentiras de um ministro inseguro e mal informado, continuamos dizendo mais do que fazemos!
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