Os ‘cojones’ de Sarah Palin
O drama do Arizona, estado que tem fronteira com o México, deve ser acompanhado com um dicionário na mão. Sarah Palin acaba de dizer que Jan Brewer, a governadora do Arizona, “tem ‘cojones’ que Obama não tem para lutar contra a imigração ilegal”. A frase foi dita em inglês, a língua de Tucson, Arizona, com a excepção de ‘cojones’, dito como se fala em Nogales, no estado mexicano de Sonora. De Tucson para Nogales dista uma hora de carro. A frase de Palin confirma que a coisa está grave: se uma política do Alasca já fala como uma vendedora de ‘enchiladas’, calculem a vaga de ‘chicanos’ que já vai pelo Arizona… Mas não deixa de ser surpreendente a linguagem de Palin. A sua companheira de partido, a citada governadora do Arizona, construiu a carreira com mais cuidados lexicais. Jan não guardou o seu apelido de baptismo, Drinkwine (bebe vinho, em português), e ficou com o nome do marido, Brewer (cervejeiro), mais suave. E certo, certo, é que não ficará para a História como Jan Tequilla. Note-se, ainda, que ‘cojones’ é um autêntico ‘palin’dromo nos EUA. Palíndromo é uma palavra que é lida da esquerda para a direita como da direita para a esquerda (por exemplo, sopapos). Na América, ‘cojones’ é dito pela esquerda ou pela direita, logo que o político seja mulher: já Madeleine Albright, a ministra de Clinton, o disse uma vez no Conselho de Segurança.
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