Fui a Brasilia ontem, para entrevistar o novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. A viagem ao Brasil é a primeira visita oficial de Santos a um governo estrangeiro. E o ex-ministro da Defesa teve “ótima química” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme descreveram seus assessores. Santos disse estar satisfeito com as condenações de Lula ao terrorismo na região, embora o presidente brasileiro não tenha mencionado diretamente as Farc. Lula afirmou em discurso durante almoço para Santos, no Itamaraty, que nada justifica o terrorismo e que apoia a luta do povo colombiano.
Já em relação ao presidente Obama, há uma interrogação. A Colômbia tradicionalmente é um dos maiores aliados dos Estados Unidos, que colaboram com milhões em ajuda militar e para o combate ao narcotráfico (Plano Colômbia). Washington sempre é um dos primeiros destinos dos mandatários colombianos. Mas desta vez, uma visita à Casa Branca ainda nem está no horizonte.
“O senhor já tem marcado um encontro com o presidente Obama?”
Santos respondeu, um pouco irritado:
“Não tenho um encontro formal com Obama, por enquanto não. Mas com os Estados Unidos temos a melhor das relações, e vamos continuar com esta relação. Não tenho nenhum plano de visita a Washington, mas em algum momento, claro que irei.”
A única viagem programada é para participar da assembleia geral da ONU, em Nova York, em setembro.
Especulou-se muito sobre o futuro do relacionamento entre Colômbia e Estados Unidos quando Barack Obama ganhou. Alvaro Uribe tinha relações muito próximas com o rival republicano, John McCain, que perdeu a eleição dos EUA em 2008. Já o democrata Obama é bem menos entusiasmado com a Colômbia, e foca nas suas relações com o México, que exige cada vez mais atenção por causa da guerra do narcotráfico. Outro ponto de atrito é o acordo de livre-comércio entre Colômbia e EUA- está parado no Congresso sem sinais de que será aprovado logo. Ao contrário dos republicanos, o democrata Obama não é grande entusiasta de acordos de livre-comércio e não vai se indispor com seus aliados sindicalistas, que se opõem ao acordo, para pressionar pela aprovação no Congresso.
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