Mitch McConnell Is the Giant Who Shrunk the Senate

<--

Líder influente, protegeu Trump durante o impeachment e detesta o presidente, mas é seu maior aliado

O Senado americano voltou do recesso no dia 4, e o líder Mitch McConnell se lançou a uma pauta urgente. Combater a pandemia? Não. Confirmar para a segunda corte mais poderosa do país, o tribunal de apelações de Washington, um juiz inexperiente e ultraconservador —e seu afilhado político.

O medíocre juiz Justin Walker, 37, é um notório inimigo do seguro saúde Obamacare. Os republicanos têm maioria de 51 a 49 votos, vantagem que McConnell usou para confirmar mais de 200 juízes federais, muitos deles ultraconservadores.

A Constituição americana determina que cabe ao Senado monitorar o Poder Executivo. Mitch McConnell, 78, concorre ao sétimo mandato pelo estado de Kentucky em novembro. Sob sua liderança, o Senado, além de não colocar freios numa das presidências mais corruptas da história recente do país, quase não produz legislação. Aparelhar o judiciário é a obsessão de McConnell, não porque ele seja um profundo pensador ou ideólogo.

Para entender o que motiva o político basta saber o que ele escreveu num quadro negro, quando dava aulas em Louisville, nos anos 1970, sobre os três elementos para fazer sucesso em política: Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro.

Poucos políticos americanos conectam a elite financeira e empresarial ao sistema eleitoral como McConnell. Seu escritório no Senado é uma porta giratória de funcionários que se tornam lobistas para defender os interesses de doadores, como cortar impostos ou derrubar legislação de proteção ao ambiente.

Fora fundos anônimos acumulados em PACs (comitês de ação política), quatro dos cinco maiores doadores conhecidos das campanhas de McConnell são executivos da Fox News, com o fundador Rupert Murdoch e o filho e atual presidente, Lachlan, entre eles.

A Fox News é a fiadora do poder de Trump e recentemente aumentou sua tropa de advogados para enfrentar ações na justiça por ter espalhado desinformação criminosa sobre a gravidade da pandemia. Além do poder de aprovar e bloquear pacotes de ajuda de emergência na pandemia, McConnell foi um dos arquitetos da desidratação do orçamento do CDC, a agência federal de saúde com papel crucial no combate ao coronavírus.

Em uma tentativa de derrubar o Obamacare, McConnell tentou eliminar US$ 1 bilhão (mais de R$ 5,7 bi) alocados para prevenção e combate a epidemias.

Os democratas resistiram, mas cederam, e o fundo do CDC acabou desviado em boa parte para o combate ao câncer.

Pessoas próximas a McConnell dizem que ele não esconde o desprezo por Trump, cujo mandato ajudou a salvar, bloqueando depoimentos no julgamento do impeachment.Diz queTrump é desequilibrado e obtuso.

E por que não critica o presidente? Há mais do que o interesse monetário dos patronos em jogo. No Kentucky, o sexto estado mais pobre dos EUA, o multimilionário McConnell é bem menos popular do que Trump.

Num perfil recente na revista New Yorker, um velho conhecido de Mitch McConnell disse à repórter Jane Meyer que parasse de procurar significado na carreira do senador. “Não há nada além do poder pelo poder”, disse.

Uma candidata democrata inexperiente, a ex-piloto do corpo de fuzileiros navais Amy McGrath, está levantando fundos comrapidezexcepcionalparadesafiar McConnell em novembro. Nesse vácuo niilista, quem sabe se McGrath vai aplicar a antiga aula de McConnell para acabar com o sucesso dele na política.

About this publication